quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pesquisador investiga as crises e metamorfoses do romance histórico brasileiro




O romance histórico sofre grandes transformações desde meados do século XIX – com os romances românticos e os críticos que o estudaram – até as recentes publicações do final do século XX, quando a crise de paradigmas dá origem a uma nova forma de unir literatura e história: a metaficção historiográfica. O desenvolvimento do gênero através dos tempos é estudado por Antônio R. Esteves em O romance histórico brasileiro contemporâneo (1975-2000), publicado pela Editora Unesp.
Esteves apresenta as principais discussões sobre o gênero, considerando sua difusão no Brasil, na época da ampliação da imprensa, e o impactado sofrido pela globalização econômica e pela supremacia das mídias. “De modo geral, pode-se afirmar que o romance histórico vive em crise desde suas origens, embora tenha sobrevivido e se renovado, se considerarmos sua evolução ao longo dos últimos dois séculos”, afirma o pesquisador.
Mais do que apresentar a cronologia do gênero, a obra ressalta quais são as características que distinguem o romance pós-moderno e o romance histórico tradicional e como esses textos influenciam a história e a própria literatura. O livro apresenta os aspectos formais dessas narrativas na Europa e na América Latina e as novas modalidades encontradas em Paulo Leminski, Márcio Souza, João Antônio, Rubem Fonseca e Silviano Santiago, para citar alguns exemplos, na interpretação do novo romance histórico. A obra é destinada tanto para os leitores mais curiosos quanto para estudantes e profissionais dos cursos de História e de Letras.

Sobre o autor - Antônio R. Esteves é mestre em Letras pela Unesp, campus de São José do Rio Preto; doutor em Letras pela Universidade de São Paulo; e livre docente em Literatura Comparada pela Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, campus de Assis. É professor do departamento de Letras Modernas e do programa de pós-graduação em Letras dessa faculdade. Foi professor visitante no Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, na Espanha. Estudioso das relações entre literatura e história, é tradutor e ensaísta.

Os livros da Fundação Editora da Unesp podem ser adquiridos pelo telefone (11) 3107-2623 ou pelos sites: http://www.editoraunesp.com.br/ ou http://www.livrariaunesp.com.br/

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quem paga impostos no Brasil - COLUNA DO PROFESSOR ROGÉRIO ANÉSE PARA A FOLHA


A questão da carga tributária no Brasil é sempre discutida e debatida pelos meios de comunicação, em especial por ser considerada uma das mais altas do mundo. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), em 2009, a carga tributária atingiu 35,02% do PIB. Olhando apenas o percentual, infere-se que dos 12 meses do ano, o brasileiro trabalha 4 meses apenas para pagar os tributos. Entretanto, estas análises mais gerais escondem algumas inverdades, pois a carga tributaria calculada desta forma, apenas leva em conta o montante de tributos das três esferas de governo (município, estado, união), não considerando de que forma estes tributos incidem nas diferentes classes sociais.
Uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Aplicadas), para o ano de 2007, mostrou que os 10% mais pobres da população brasileira comprometem 33% da renda em impostos e taxas, enquanto que os 10% mais ricos só comprometem 23% da renda. Os extremamente pobres pagam 44,5% da renda em impostos e taxas. Os impostos indiretos, principalmente o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), contribuem para esta distorção, pois os mais pobres gastam a maior parte da renda em consumo. Também o imposto de renda das pessoas físicas é equivocado, pois a menor alíquota é muito alta (15%) e a maior de 27,5% onera da mesma maneira um individuo que ganha R$ 3.500,00, R$ 35.000,00 ou R$ 350.000,00 mensais.
Estes são alguns exemplos de distorção na progressividade dos tributos no Brasil, que acabam onerando quem ganha menos e não tem como se livrar (achar brechas legais ou sonegar) da ação arrecadadora do Estado.
Eu acredito que a carga tributaria é elevada, mas deve-se tomar cuidado com as generalizações e com estes estudos que levam em conta à média. Estes cálculos, como o do IBPT, escondem distorções, como vimos, e só servem para embaralhar o debate e não fazer a verdadeira reforma tributária, onde os mais ricos e abastados devem pagar mais impostos.